Ei concurseiros, chegamos à postagem número 100! Vejam este depoimento, reconheçam o verdadeiro espírito de concurseiro e vão à luta, porque nada de bom nesta vida simplesmente cai em nossos colos! Esta história é bem semelhante à minha, pois também tive um filho antes de ter um emprego estável, fiz o concurso em 2000 e só fui nomeado em 2003, mas, no dia em que recebi o telegrama me chamando para posse e exercício, fui demitido da empresa onde trabalhava! Deus encaixou as coisas! Incrível como as coisas acontecem para quem luta, não?
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Olá concurseiros! Sou autora do @bizudeconcursos. Sou servidora concursada da Secretaria de Saúde do DF, cargo Técnico Administrativo. Esse é o primeiro concurso que consegui ser nomeada depois de tantos concursos que passei fora das vagas. Imagine o meu alívio, essa foi a primeira sensação que senti quando fui chamada, ALÍVIO. Alívio sim, pois chegar a ter o nome publicado no Diário Oficial depois de tudo que passei não tem explicação.
Sou de família humilde, meu pai sempre nos deu o necessário e frisava que a única riqueza que poderia nos deixar era o estudo e, para isso, se sacrificou muito para nos dar uma boa educação. Conseguir entrar na UnB, já estudava pra concursos (porém estudava de qualquer jeito) e logo em seguida fiquei grávida da minha única filha, eu que tinha tudo me deparei não tendo nada de uma hora pra outra. Perdi família, perdi casa, perdi apoio, perdi meu sustento, tive que ir morar com parentes e por um triz eu não perdi minha tão sonhada vaga na universidade pública. Fui do céu ao inferno por ter engravidado, por um deslize da minha vida, deslize esse que agradeço todos os dias, pois tenho uma filhinha maravilhosa. Abandonei os estudos para concursos, achava que “aquilo não era pra mim”. Tive que tirar forças de onde não tinha pra continuar a estudar e me manter com minha filha, eu não trabalhava na época, pois meus pais sempre disseram que era só pra eu estudar.
Até que me atentei que ser concursada poderia ser a chave que me libertaria, seria meu passaporte pra não passar pelo que eu estava passando. Estudar em uma faculdade pública, ter filha pequena em casa, estagiar para ter dinheiro pra se sustentar e sustentar a filha e ainda ter forças pra estudar pra concurso não foi nada fácil.
Comecei a usar isso como desculpa, entrei na fase dos concurseiros com “desculpite”, tudo era motivo pra não estudar, e fui levando isso por um bom tempo. Muita coisa aconteceu, voltei para a casa dos meus pais, terminei a faculdade, era do tipo “concurseiro contribuinte”, daqueles que só pagavam a inscrição e nunca estudava da forma como deveria e pior, ainda queria passar! Após ter me formado fui trabalhar numa empresa privada... ganhava o suficiente pro sustento, mas eu sempre quis mais, fui vendo os colegas passando em concursos e eu ficando pra trás, o sentimento eterno de ser demitida (no lugar em que eu trabalhava qualquer erro era motivo de demissão), até que comecei a estudar pra concursos de forma mais séria, porém sem qualquer método, de forma desorganizada. Meu pai, que é servidor público, passou a me pressionar de todos os modos pra passar logo em algum concurso, eu me pressionava cada vez mais por ver os colegas passando, ia pra prova com sentimento de derrota. Não tinha apoio pra estudar, recebi pressão pra passar, apenas isso e ainda ouvia os irmãos me zoando dizendo que eu era “jogadora ruim de bola que fazia concursos e passava na trave”. Claro que isso não poderia dar boa coisa. Aos 26 anos, e vivendo uma rotina louca de mãe, trabalhadora e concurseira, descobri-me hipertensa... Ouvi do médico: “ou você relaxa mais ou não terá vida pra relaxar”. Percebi que o que eu estava fazendo no dia-a-dia não dava pra parar, mas eu precisava ter disciplina, ter tempo e métodos pra fazer tudo, afinal, ter problemas na vida todos têm e isso não conta pontos a mais na prova.
Passei a estudar firme e colocar na cabeça que tem hora pra tudo, antes eu ia brincar com minha filha com culpa por não estar estudando, ia estudar com culpa de estar privando minha filha da minha companhia, acabava não fazendo os dois com qualidade. Se o tempo pra estudar era curto, então eu tinha que estudar com foco, acabava estudando e inventando mil macetes para relembrar quando fosse revisar, aproveitava cada minuto que eu visse que dava pra estudar (fila de banco, hora do almoço no trabalho, dentro do ônibus etc.). Claro que, como muitos concursados, a aprovação não veio de forma rápida, foi preciso não desistir, usar a derrota na prova como motivo para ver onde eu errei e estudar para melhorar.
Até que fui chamada pra assumir na Secretaria de saúde do DF. Como muitos concurseiros eu adotei a tática do trampolim. Passar em um concurso mediano para ter tranquilidade de estudar pra outros mais difíceis e com melhor remuneração. Hoje em dia, não me pressiono mais a estudar, estudo com tranquilidade e vejo a banca de concurso como um desafio que posso vencer e não como algo de “vida ou morte”, como se minha vida dependesse da aprovação. Isso só nos atrapalha na hora de estudar, trava o cérebro na hora da prova.
Não vejo o estudo para concursos como algo chato, obrigação de vida, e sim como algo de bom que você está fazendo por si mesmo. Com foco, determinação, métodos e muita disciplina, qualquer um pode chegar a ser servidor. Basta acreditar que pode e que consegue e correr atrás do seu objetivo.