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segunda-feira, 15 de agosto de 2011

Língua Portuguesa em prova para Diplomata - Cespe/2011


Pessoal, que tal trabalharmos a questão 8 da prova de Diplomata 2011, CESPE/UnB? Essa prova foi considerada por muitos a mais difícil já feita pela banca. Confiramos uma de suas questões.

Texto I

1 Não é o ângulo reto que me atrai
nem a linha reta, dura, inflexível,
criada pelo homem.
4 O que me atrai é a curva livre e sensual,
a curva que encontro nas montanhas do meu país,
no curso sinuoso dos seus rios,
7 nas ondas do mar,
no corpo da mulher preferida.
De curvas é feito todo o universo
10 o universo curvo de Einstein.

Oscar Niemeyer. Minha arquitetura – 1937-2005.
Rio de Janeiro: Editora Revan, 2005, p. 339.

Texto II

Autodefinição

1 Na folha branca do papel faço o meu risco.
Retas e curvas entrelaçadas,
E prossigo atento e tudo arrisco
4 Na procura das formas desejadas.
São templos e palácios soltos pelo ar.
Pássaros alados, o que você quiser.
7 Mas se os olhar um pouco devagar,
Encontrará, em todos, os encantos da mulher.
Deixo de lado o sonho que sonhava.
10 A miséria do mundo me revolta.
Quero pouco, muito pouco, quase nada.
A arquitetura que faço não importa.
13 O que eu quero é a pobreza superada,
A vida feliz, a pátria mais amada.
Idem, p. 347.

Com referência às estruturas linguísticas e aos sentidos dos textos I e II, assinale a opção correta.

A
No texto II, os adjetivos “branca” (v.1) e “atento” (v.3) exercem a mesma função sintática que os adjetivos “superada”, “feliz” e “amada”, empregados na última estrofe.
B
No primeiro verso do texto I, o pronome “que” retoma a expressão “o ângulo reto” e introduz oração adjetiva que restringe o sentido dessa expressão.
C
Com base no emprego dos sinais de pontuação no texto I, depreende-se que, para o autor do poema, toda linha reta criada pelo homem é dura e inflexível, e nem toda curva é livre e sensual.
D
No texto I, o arquiteto esclarece que as curvas estão presentes em qualquer universo, inclusive no universo abstrato da ciência, conforme formulação de Einstein.
E
No poema Autodefinição, o arquiteto expressa sua recusa em detalhar elementos relevantes para a interpretação de sua obra, como evidencia o trecho “o que você quiser” (v.6), e confidencia que a revolta diante da miséria fez que ele abandonasse o devaneio, a utopia.


RESPOSTA: *   C   * (Clique no primeiro asterisco e arraste até o segundo para ver a resposta)

COMENTÁRIOS:
A
o adjetivo ‘branca’ é adjunto adnominal, pois tem qualidade permanente em relação à ‘papel’. Os demais adjetivos são predicativos, pois têm a qualidade temporária em relação a seus substantivos.
B
o pronome ‘que’ nessa expressão se junta ao verbo ‘é’ e formam uma expressão expletiva – sem função sintática – de realce – som sentido, reforço. Podem ser retirados da frase sem prejuízo gramatical: O ângulo reto não me atrai.
C
a ideia de totalidade é trazida pelo uso de vírgulas para isolar o termo explicado do termo explicativo; portanto, ao usar vírgulas em ‘a linha reta, dura, inflexível’, tem-se a noção de totalidade, como afirma o item; e a idéia de não-totalidade não pode ser separada por vírgulas, o que ocorre em ‘a curva livre e sensual’, deixando a ideia restritiva.
D
Não há no texto referência a ‘abstração’ ou mesmo ‘formulação’ de Einstein.
E
o autor não abandona o devaneio nem a utopia, pois o que deseja é justamente utópico.

Sucesso! Prof. Diego Amorim