Home Arquivo completo Colaboradores

segunda-feira, 16 de maio de 2011

Língua Portuguesa: Concordância verbal e 'bom-dia' ou 'bom dia'

Meus caros amigos, o espetáculo de hoje fica por conta de dois momentos diferentes do português – o primeiro diz respeito à frase do artigo anterior “Vende-se bicicletas.”; o segundo trata de um questionamento twíttico, o uso de ‘bom dia’ ou de ‘bom-dia’. No fim, a rede social Twitter abriu este canal de comunicação entre nós.

Como primeira apresentação desta semana, neste maravilhoso circo chamado Língua Portuguesa, a Concordância Verbal. O termo ‘bicicletas’ é sujeito paciente do verbo ‘vende-se’. Isso significa que o sujeito sofre a ação verbal de ser vendido, portanto o verbo deve estar no plural para concordar com esse seu sujeito. Assim, temos a implicação semântica interferindo na questão sintática.

Na teoria gramatical, quando se tem verbo transitivo direto ou transitivo direto e indireto, o SE funciona como partícula apassivadora, deixando a frase na voz passiva, com o sujeito paciente. Como ‘vender’ é transitivo direto (VTD), pois quem vende vende algo, tem-se voz passiva e o sujeito impõe a concordância ao verbo. Vejamos mais exemplos:

                        Não se fazem mais aulas como antigamente.
                        Procuram-se modelos experientes.
                        Não se praticam atos dessa natureza.
                        Aluga-se sala comercial.
                        Dão-se aulas de português.

Claro que cabem perguntas a esta apresentação – que, por razões óbvias, serão adivinhadas por mim, se me permitem! E se as sentenças forem assim?

                        Precisa-se de amigos.
                        Aqui se é feliz.
                        Vive-se bem em Brasília.
                        Devagar se vai ao longe.
                        Necessita-se de experiência.

Nesses casos, o SE junta-se a verbos que não possuem transitividade direta, assim tem função de índice de indeterminação do sujeito – que, como o nome diz, traz o sujeito indeterminado e o verbo sempre no singular. Talvez seja essa toda a confusão para a concordância. Não errem mais. Em concursos públicos, quando não se cobra a concordância, cobra-se a função do pronome SE.

Agora, no palco deste picadeiro, a expressão que deixou todos com pulgas em todo o corpo! Como escrevo ‘bom dia’? Com ou sem hífen? Em qual situação devo escrever assim ou assado, frito ou cozido?.

Hifeniza-se a expressão quando é substantivo composto, designando o cumprimento que se dirige a alguém de dia. Assim:

                        Ele nem sequer me deu bom-dia.
                        Um bom-dia a todos!
                        Vamos dar um bom-dia para a turma!
                        É sempre bom ter seu bom-dia.

Não sendo substantivo composto, não se usa hífen. Assim:

                        Nós tivemos um bom dia hoje.

Lembrem-se de que fazem parte da mesma regra: boa-noite, boa-tarde, boa-vida, boa-praça, boas-festas.

Até a próxima edição do Circo da Língua! Mandem seus questionamentos ou sugestões de pauta e questões de concursos a serem explicadas nesta coluna!

Na próxima falaremos sobre os livros de português do MEC e seus erros de concordância. A variação linguística e a cobrança nos concursos.


Prof. Diego Amorim