
Como primeira apresentação desta semana, neste maravilhoso circo chamado Língua Portuguesa, a Concordância Verbal. O termo ‘bicicletas’ é sujeito paciente do verbo ‘vende-se’. Isso significa que o sujeito sofre a ação verbal de ser vendido, portanto o verbo deve estar no plural para concordar com esse seu sujeito. Assim, temos a implicação semântica interferindo na questão sintática.
Na teoria gramatical, quando se tem verbo transitivo direto ou transitivo direto e indireto, o SE funciona como partícula apassivadora, deixando a frase na voz passiva, com o sujeito paciente. Como ‘vender’ é transitivo direto (VTD), pois quem vende vende algo, tem-se voz passiva e o sujeito impõe a concordância ao verbo. Vejamos mais exemplos:
Não se fazem mais aulas como antigamente.
Procuram-se modelos experientes.
Não se praticam atos dessa natureza.
Aluga-se sala comercial.
Dão-se aulas de português.
Claro que cabem perguntas a esta apresentação – que, por razões óbvias, serão adivinhadas por mim, se me permitem! E se as sentenças forem assim?
Precisa-se de amigos.
Aqui se é feliz.
Vive-se bem em Brasília.
Devagar se vai ao longe.
Necessita-se de experiência.
Nesses casos, o SE junta-se a verbos que não possuem transitividade direta, assim tem função de índice de indeterminação do sujeito – que, como o nome diz, traz o sujeito indeterminado e o verbo sempre no singular. Talvez seja essa toda a confusão para a concordância. Não errem mais. Em concursos públicos, quando não se cobra a concordância, cobra-se a função do pronome SE.
Agora, no palco deste picadeiro, a expressão que deixou todos com pulgas em todo o corpo! Como escrevo ‘bom dia’? Com ou sem hífen? Em qual situação devo escrever assim ou assado, frito ou cozido?.
Hifeniza-se a expressão quando é substantivo composto, designando o cumprimento que se dirige a alguém de dia. Assim:
Ele nem sequer me deu bom-dia.
Um bom-dia a todos!
Vamos dar um bom-dia para a turma!
É sempre bom ter seu bom-dia.
Não sendo substantivo composto, não se usa hífen. Assim:
Nós tivemos um bom dia hoje.
Lembrem-se de que fazem parte da mesma regra: boa-noite, boa-tarde, boa-vida, boa-praça, boas-festas.
Até a próxima edição do Circo da Língua! Mandem seus questionamentos ou sugestões de pauta e questões de concursos a serem explicadas nesta coluna!
Na próxima falaremos sobre os livros de português do MEC e seus erros de concordância. A variação linguística e a cobrança nos concursos.
Prof. Diego Amorim